13ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo
O episódio 44 do Betoneira Podcast está no ar
“A arquitetura deve ser uma discussão para pessoas de qualquer área de atuação. Trazer esse debate para a população em geral é o interesse da Bienal, e deveria ser o interesse de qualquer arquiteto que pensa a cidade”. Viviane Sá, arquiteta, artista e professora
Entre 27 de maio e 17 de julho, o Sesc Avenida Paulista e o Centro Cultural São Paulo receberão a 13ª edição da Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, realizada desde 1973 pelo IAB SP. No episódio 44 do Betoneira Podcast, convidamos Fernando Túlio, presidente do IAB SP, e as arquitetas e professoras Larissa Zarpelon e Viviane Sá, integrantes do grupo de co-curadoria do evento para falar sobre “Travessias”, a proposta desta edição da Bienal, que parte do entendimento de que a pandemia reforça desigualdades socioespaciais que já se estabeleciam no Brasil e no mundo.

“A gente espera que a Bienal consiga ser uma plataforma permanente para discutir a função social e ecológica da arquitetura e para construir o futuro das cidades, sobretudo de São Paulo. É um evento para refletir sobre como viver melhor nessa cidade tão desigual, mas também tão potente”. Fernando Túlio, arquiteto, urbanista e presidente do IAB SP
Além das exposições no Sesc Avenida Paulista, inaugurada no dia 27 de maio, e no Centro Cultural São Paulo, aberta em 04 de junho, a Bienal propõe outras atividades, como conferências, mesas temáticas e performances nos equipamentos culturais e espaços públicos do eixo da Avenida Paulista, como o próprio Sesc, o Itaú Cultural e o Instituto Moreira Salles, além de atividades educativas, como visitas guiadas, oficinas e mediação em pontos espalhados pela cidade.

Para a 13ª edição da Bienal, foi aberto um Concurso Internacional de Co-Curadoria cuja provocação inicial era a temática da reconstrução, tendo como cenário as intensas transformações nos espaços e dinâmicas sociais trazidas pela pandemia da COVID-19.
Entre as 11 propostas avaliadas, Travessias, que dá nome à edição, foi escolhida por unanimidade. A equipe vencedora é formada por nove integrantes brasileiros de diversas áreas de atuação: Carolina Piai Vieira, Larissa Francez Zarpelon, Louise Lenate Ferreira da Silva, Luciene Gomes, Pedro Cardoso Smith, Pedro Vinícius Alves, Raíssa Albano de Oliveira, Thiago Sousa Silva e Viviane de Andrade Sá.
"Quando começamos a pensar o projeto Travessias, a gente estava no auge da pandemia, em um cenário de muitas incertezas inclusive sobre a possibilidade do evento ser ou não presencial. Para pensar o que a gente esperaria dos espaços públicos da cidade no momento pós pandemia, como seria a reocupação desses espaços, a nossa equipe volta um pouco atrás e passa a enxergar o momento de isolamento da pandemia como algo bem seletivo. Boa parte da população que conseguiu cumprir esse isolamento era uma população muito privilegiada e uma porcentagem muito pequena". Viviane Sá, arquiteta, artista e professora
Com essas reflexões, Viviane nos conta que o grupo concluiu que quem habita as áreas mais periféricas da cidade continuou fazendo seus deslocamentos. Daí surge o nome Travessias, do entendimento de que boa parte da população continuava atravessando as cidades e se expondo ao vírus, enquanto outra parcela das pessoas podia se fechar dentro dos seus apartamentos e se proteger.
"Estamos vivendo isso de novo vendo a população em situação de rua crescer absurdamente. A vulnerabilidade social está aumentando e era desse ponto de vista que a gente queria responder à provocação sobre a temática da reconstrução. É uma reconstrução quase de compreensão dessa história, compreensão das constituições das grandes cidades brasileiras e desses processos de conformação e do quanto a própria arquitetura e urbanismo também influenciam em como esses espaços são construídos, onde essas populações estão colocadas, como essas populações se deslocam. Por isso, propusemos que os visitantes da Bienal se inserissem em um grande deslocamento de travessias para compreender a cidade do ponto de vista desses deslocamentos". Viviane Sá, arquiteta, artista e professora
Esta edição da Bienal reúne trabalhos de 10 convidados pela equipe curatorial e de 23 selecionados por uma chamada aberta. Se você ficou interessado em participar da programação, confira a agenda no Instagram da Bienal.
O episódio 43 do Betoneira Podcast está no ar!
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Quem é Fernando Túlio: arquiteto, urbanista, gestor de políticas públicas e presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil de São Paulo, o IAB SP
Quem é Larissa Zarpelon: parte da equipe curatorial da 13ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, é arquiteta e urbanista, docente na Universidade Paulista, doutora pela FAU-Mackenzie e pesquisa relações entre arquitetura, paisagem urbana e espaço público nas cidades latino-americanas.
Quem é Viviane de Andrade Sá: parte da equipe curatorial da 13ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, é arquiteta e artista, docente na Universidade Paulista e na Unisantos, doutoranda em Projeto, Espaço e Cultura pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo e investiga os processos de visibilidade e apagamento dos corpos nos espaços da cidade com o projeto “Corpos Visíveis, superexposição como processo de apagamento social e espacial na cidade contemporânea”.
Este episódio conta com patrocínio cultural do Archtrends. Ouça o Archtrends Podcast no Spotify ou no YouTube.